Internacionalização: um passo importante e cheio de desafios
Artigo escrito por Sérgio Ferreira e publicado originalmente pelo portal RH Pra Você.
À medida que um negócio começa a crescer e a se consolidar, é natural que a liderança reflita sobre os próximos desafios. Como, por exemplo, lançar um novo produto ou entrar em um segmento nunca explorado. Outra possibilidade também observada como prática de mercado é olhar para uma nova região, pensando em expansão geográfica, por meio da internacionalização.
A pesquisa Trajetórias de Internacionalização das Empresas Brasileiras 2021, realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC), mostrou que 78% das empresas planejam expansão nos países onde já atuam, e 71% planejam entrar em novos negócios nos próximos anos.
Além disso, os principais mercados onde as empresas brasileiras expandiram sua atuação foram Estados Unidos, Argentina, Portugal, Uruguai, Colômbia, China e México.
Fazer com que a internacionalização seja uma realidade exige não só vontade, mas também de uma boa gestão. É claro que mesmo estando tudo dando certo para saltar do Brasil para seja lá qual for o destino internacional, ainda é possível sentir um frio na barriga com a indagação: será que estamos prontos para internacionalizar?
Senti exatamente isso quando começamos a internacionalizar os negócios da nossa empresa. Decidimos iniciar uma operação na América do Norte, partindo de nossa Unidade de Produtos, sendo que nosso negócio e competência principal são Serviços de Consultoria para Desenvolvimento de Software. Ficamos um ano sem nenhum resultado.
Depois disso, resolvemos dar um passo atrás, recomeçar, trabalhando exclusivamente com o core business da companhia e, assim, obtivemos resultados sólidos. Em um ano e meio, a operação cresceu mais de 1000%.
Erramos ao iniciar esse processo de expansão, ficamos perdidos diante de um mercado novo e repleto de oportunidades. Tivemos desafios significativos, como a adaptação a diferentes culturas, regulamentação e concorrência. Com isso, foi preciso traçar novamente a rota para conquistarmos o que realmente queríamos.
Certamente, esse momento de aprendizado nos impulsionou. Percebemos que a ferramenta que estávamos usando era muito boa, a solução que tínhamos era excelente, mas funcionava muito bem no mercado brasileiro e não nos EUA. Foi preciso mais conhecimento diante da realidade daquele país.
Por isso, minha dica é aprofundar mais as pesquisas de mercado, conduzir visitas exploratórias, buscar orientação de especialistas locais e considerar parcerias estratégicas. Ter um profundo entendimento do mercado-alvo aumenta significativamente as chances de sucesso e reduz a probabilidade de surpresas desagradáveis ao expandir seus negócios internacionalmente.
Ainda em tempo, precisamos lembrar que a internacionalização não é para todos. Nem sempre uma empresa estará preparada para fazer esse avanço. É necessário ter um produto e/ou serviço que seja atraente para esse novo mercado, que possa ser interessante para os países em questão e que ganhe aquele novo consumidor, que tem uma cultura diferente da nossa. Tudo isso precisa ser analisado antes.
Além disso, é preciso entender se deve exportar um determinado produto, ser mais ousado abrindo uma unidade em outro país ou optar por realizar uma prestação de serviço de consultoria para poucos clientes fora do Brasil.
Com determinação e estratégia sólida, as empresas podem superar os desafios e capitalizar as oportunidades, alçando voo em direção a um sucesso sustentável em uma economia interconectada. A internacionalização, embora desafiadora, é um caminho ousado que pode ampliar horizontes e consolidar o lugar de uma empresa no palco global.
*Sérgio Ferreira é CEO da Briteris.