Seja Antirracista: Igualdade racial é uma luta diária, a primeira vitória é falar sobre ela
No piloto automático todos nós somos racistas.
Esta é uma frase forte e indigesta, mas verdadeira. É mais fácil e simples ignorar estes problemas, fingir que não existe, que o racismo sempre está no outro, pois nos entendermos racistas é incômodo.
Chegamos a esta conclusão através de uma elaboração simples: se todos nós vivemos em uma sociedade racista, concordamos que o racismo existe, então somos condicionados a sermos racistas, uma vez que somos fruto desta sociedade.
Então você pode pensar: “Eu não sou racista, eu não vou em um estádio para chamar um jogador de futebol de macaco”.
O racismo não vive somente nos extremos, ele vive nas ações do dia a dia. Está nos detalhes, nos estereótipos, nas palavras e nas motivações implícitas. Está no silêncio, está em não querer discutir o problema.
O racismo está presente na pessoa dentro de uma farmácia que aborda outro cliente negro, o “confundindo” como funcionário, mesmo que este não esteja com o uniforme ou crachá do local.
O racismo está na argumentação de que criar separações somente nos divide, “somos todos humanos”. Tudo isso vem do racismo estrutural, o estereótipo de que o negro é sempre o “empregado” e a ideia de que se não falamos sobre o racismo, ele “some”.
Trazendo um exemplo para nossa realidade da programação, pensem em um sistema legado, feito com diversas más práticas.
A equipe que continua desenvolvendo não tomou nenhuma decisão de arquitetura, mas continua seguindo as orientações e fazendo as mesmas coisas que continuam gerando problemas. A Solução é ignorar o problema e “seguir em frente”? NÃO! A solução é entender o problema, propor solução e mudar a cultura de desenvolvimento.
O oposto a ser racista, não é ficar em silêncio “não sendo racista”, é ser antirracista, é de forma ativa pensar sobre nossas ações e sobre a sociedade em que vivemos.
Ser antirracista é se informar sobre o Racismo Brasileiro, entender que aqui tivemos a política de embranquecimento da população, o colorismo e o silêncio sobre o assunto.
Crianças aprendem desde pequenas que ser negro é errado, o correto a ser seguido é o padrão “branco”. Ser antirracista é enxergar a negritude além destes estereótipos, entender as riquezas culturais e históricas dos povos negros. Ser antirracista é perceber o racismo internalizado em você.
Ser antirracista é transformar o ambiente de trabalho, é ler e consumir autores e autoras negras, é questionar a cultura que consome, é identificar e combater o racismo.
Se vivendo no “piloto automático” somos todos racistas, o racismo apenas vai acabar quando formos, todos e todas, antirracistas.
Indicação de livro: Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro